9 de mar. de 2010

Bola “11”

Má sorte, vulgo zica. Neste caso vale generalizar: Todos têm dias ruins. Perde o ônibus por segundos e chega uma hora atrasado no trabalho. Sua filha resolve passar mal logo no dia de uma prova na faculdade. São exemplos, porém não são todos os dias, e logo passa. Comigo não. Fui zicado minha vida quase toda. Não são incidentes extraordinários de dar pena. São aqueles pequenos micos ridículos. E por isso, quase sempre viro a piada do dia. Mas que depois de um tempo acaba se perdendo na memória. Inclusive a “mandiga” esquece de ir pra outro no dia seguinte. E assim vai indo…
 
Cheguei todo molhado ao local combinado. Detesto chuva. E o pior, só começou quando eu desci do ônibus. Chato, mas não seria a último lapso de minha má sorte naquela noite.
 
Encontrei um amigo no caminho. E fui procurar outro. Achei no estabelecimento ao lado, estava comendo alguma coisa.
 
Tinham marcado quatro pessoas, e espero que você seja alfabetizado, faltava uma. Questão simples de matemática.  Após uma ligação descobrimos que ninguém o tinha convidado, e ele nem saíra de casa. Esperamos já jogando. No inicio da terceira partida, o cara apareceu. Esperou terminar e começamos o “jogo de verdade”.
 
Selecionamos as duplas de modo “aleatório” e começamos.
 
A primeira partida foi marcada por uma grande desatenção de meu companheiro. Prova de que estava sob efeito de álcool. Havia ingerido algumas várias doses depois que saiu da universidade e minutos antes da hora marcada para o jogo. Mesmo assim, nós estávamos com uma ligeira vantagem. E na última jogada, o chapado faz uma burrada e dá a vitória para seus adversários.
 
A segunda não teve chance. Fomos esmagados. A sorte da dupla adversária era imensa. E mesmo recuperado da cerveja, houve uma série de erros. Muitos erros. Desde pequenos e capazes de serem ignorados até enormes. E um que merece destaque, de tão especial recebeu um nome. “A Onze”. Motivo de risadas do nosso pequeno grupo de amigos. Infelizmente, foi eu que errei.
 
A terceira e última partida começou. A única chance de pelo menos fazer um ponto no placar. Não demorou muito e os erros já começaram. Dessa vez, dos dois lados. Após algum tempo de jogadas feias, cagadas, acertos e erros bobos, conseguimos uma leve vantagem. Porém, nos distraímos. O adversário virou o jogo. Agora possuía apenas uma bola em jogo. Ele quase conseguiu, deixou a bola-alvo apenas a um pequeno empurrão do buraco. Já era, eles ganharam mais outra. Principalmente porque era minha vez. Tinha que acertar duas seguidas. Coisa que meu time não tinha conseguido. Até aquele momento. Histórico, diga-se de passagem.
 
Olhei para o Bola branca. Mirei na laranja, número cinco. E num golpe só, a bola laranja bateu na mesa e acertou o buraco, no meio da mesa. Felicidade e espanto de uma vez. Irônico, quase poético. Mas o jogo não estava ganho. Mirei e empurrei a bola branca  que acertou o objetivo. Com uma estranha precisão, concordo. E assim, marquei pelo menos um tento para o nosso azarado time.
 
Mesmo perdendo a partida, essa última jogada deve ser lembrada, registrada e romantizada. Não como uma clara manifestação de habilidade com tacos e bolas, mas sim como uma rara ocasião que minha falta de sorte não estava presente.

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